sexta-feira, maio 02, 2014

Fair

O verão continuava ameno e aconchegante. Pelo retrovisor eu via meus medos, mas eu conseguia deixa-lo para trás sempre que eu dirigia. Todos os sonhos e metas vinham à tona, mas, parei de sonhar um pouco quando fui interrompida. Engraçado é quando você se torna mãe de crianças que não foram geradas por você, ais engraçado ainda, é ser mãe com os dias contados.
Foi um sonho realizado. Um filme, quando eu vi plantações de girassóis, meus olhos encheram de esperanças e alegrias. Incrível é viver momentos, que antes só podia se imaginar em filmes e vídeo-clipes. É inacreditável lembrar de tudo isso, parece que de fato, nada aconteceu!

 
Crianças sorriam no Fair em New Paltz, uma pequena cidade em Houdson. Eu costumava fazer planos para ir acampar lá em algum futuro próximo. Talvez, eu poderia conhecer os amigos aventureiros dos americanos que eu tinha conhecido, é, para americanos isso é a coisa mais normal do mundo, acampar.

Aquele algodão doce em forma de Ursinho chamou a atenção de Celeste, doce como ela. Em seus olhos, eu sempre via muitos sonhos e força, assim como eu me via com a idade dela. Mas Celeste, era diferente. Ela tinha uma personalidade única, com seu jeito encantador de conversar com as pessoas, era magnifico. Porém, muito desconfiada. Senti-me vencedora, por conquista-la.
- Jackie, I would like to go there. Come with me, please! – Disse ela.
- Sure, my princess. - I said.
De fato, foi difícil recusar o convite para ir naquele brinquedo melindroso. Mas eu fui, larguei o baby com a mãe deles, e ela conseguia me fazer esquecer todos os problemas que eu tinha que enfrentar.

A noite chegou e já eram 21h15. No verão escurece às 21h em New York, sinto tanta falta disso. Terei que mencionar que, naquela noite consegui esquecer a ideia de mudar de família, cidade, estado ou ate mesmo de país.  Tenho certeza, que, cumpri minha meta com aquelas crianças, por mais birrentas e insuportáveis às vezes, mas eram apenas crianças.
Que saudade daqueles olhinhos azuis, que me olhavam às 6 horas da manhã, por mais que não podia dizer uma só palavra, eu conseguia sentir o seu “good morning”, com aquele abraço apertado.
Que saudades, de pular na cama das minhas meninas para acorda-las. Mesmo sabendo que elas iriam me ignorar por isso,  que logo eu iria abraça-las e inventar alguma história para anima-las.
Por mais difícil que era, que saudades de deixar o café da manhã pronto e quentinho sobre a mesa, e vê-los correndo em direção à mesa. Waffe, pancakes, egg and cheese, milk with chocolate  e as vezes alguma coisa que eu costumava criar.
Que saudades quando eu escutava os gritos, e as via brigando com puxões de cabelos. De todas as travessuras, principalmente daquelas mais criativas. 
Foi muito gratificante. Sei que cumpri minha meta, posso ter errado algumas vezes, mas fico tranquila, pois fiz o melhor que eu poderia ter feito. Não apenas como au pair, mas como uma segunda mãe, amiga e companheira.
Todos os dias eu agradeço a Deus, por tudo que eu passei. É estranho imaginar, mas amadureci em tão pouco tempo! Incrível mesmo é querer voltar e fazer tudo de novo.
Isso irá acontecer, mas não será como au pair. Mas com os meus filhos, e  quando chegar esse momento, bom, não preciso dizer mais nada.
Jacqueline Moraes
♪ ♫ Afrojack - The Spark ft. Spree Wilson ♪ ♫  

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa! Estou apaixonada pelos seus textos!
Como você escreve bem.
Parabéns.
Agora vou ter que ler todos os textos, pois sei que vou amar :-)
Beijos.
Jana.